Basquiat: um dos artistas negros mais influentes do século XX

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Com todos os acontecimentos que estão ocorrendo em Minneapolis, EUA me fez refletir que eu sei bem pouco sobre artistas negros. Resolvi pesquisar um pouco e trazer em forma de matéria o que pude pesquisar sobre a vida de um dos artistas negros de maior influência do século XX, Jean-Michel Basquiat.

Origens de Basquiat

O artista norte-americano Jean-Michel Basquiat nasceu no dia 22 de dezembro de 1960, no bairro do Brooklin, em Nova Iorque. Seu pai, Gerard Jean-Baptiste Basquiat, era ex-ministro do interior no Haiti; a mãe, Mathilde Andrada, era de origem porto-riquenha. Ele era o primogênito entre três filhos de uma família abastada.

Precoce, ao completar três anos de idade Jean já traçava caricaturas e copiava figuras que então povoavam os desenhos que ele gostava de assistir na TV. Ele se torna famoso, inicialmente, por seus grafites, na sua própria terra natal, depois se destaca como artista neo-expressionista.

Seu talento foi lapidado pela mãe, que o estimulava a desenhar, criar pinturas e a interagir com tudo que se relacionasse à esfera das artes. Outro fator que o incentivou a seguir este caminho foi um acidente sofrido em sua infância, quando ele tinha apenas sete anos e foi atropelado. Nesta ocasião seu braço foi despedaçado e ele teve que passar por uma intervenção cirúrgica.

Durante sua recuperação, um presente materno gerou o interesse inusitado do garoto pela anatomia humana, o livro intitulado Gray’s Anatomy. Futuramente suas representações detalhadas da anatomia humana revelariam o quanto ele foi influenciado pelas imagens que visualizou nesta época. Até mesmo uma breve incursão pela carreira musical, com a criação de uma banda, em 1979, teve o reflexo deste momento – ela foi denominada Gray’s e dominou por algum tempo o cenário nova-iorquino.

Aos seis anos o menino Jean tinha como um de seus programas culturais preferidos visitar o Museu de Arte Moderna, MOMA, chegando até mesmo a adquirir uma identificação de sócio-mirim. Em 1977, quando tinha 17 anos de idade, ele e Al Diaz, um amigo, optaram pela grafitagem em edificações desabitadas de Manhattan.

Ambos deixavam sempre uma marca nas imagens por eles criadas – ‘SAMO’ ou ‘SAMO shit’, abreviatura da expressão “same old shit“, traduzida como ‘a mesma merda de sempre’. Esta manifestação provocou nas pessoas o desejo de compreender os objetivos dos grafiteiros, mas este cometimento artístico teve fim com a inscrição “SAMO is dead” ou SAMO está morto impressa nas paredes de prédios do SoHo de Nova Iorque.

Começa a carreira artística de Basquiat

Basquiat deixa a escola secundária pouco antes da conclusão do curso, em 1978, e vai vender nas ruas camisetas que ele mesmo pinta. Ele se torna gradualmente conhecido, e integra o elenco do filme Downtown 81, que narra como um artista jovem mantém seu sustento. Essa questão é embalada por expressões artísticas da década de 80, tais como hip hop, new wave e graffiti.

O artista se tornou mais célebre em 1980, quando integrou uma mostra coletiva – The Times Square Show – financiada por uma empresa denominada ‘Colab’. Um ano depois, sua trajetória profissional foi alavancada mundialmente de uma vez por todas, graças a uma crítica positiva escrita por René Ricard, um nome de grande destaque nos meios culturais da época.

warhol-e-basquiat
A parceria entre Andy Warhol e Basquiat se consolidou no início dos anos 80.

1982 foi um ano decisivo em sua vida, pois ele passou a circular nos circuitos artísticos ao lado de ‘experts’ como Julian Schnabel, David Salle e outros tantos curadores, colecionadores de arte e estudiosos desta área, vistos na época como adeptos do ‘neo-expressionismo’. Nesta mesma época ele se envolveu afetivamente com a então anônima Madonna, e travou contato com o artista pop Andy Warhol, com o qual Jean estabeleceu fecunda parceria profissional.

Em 1984, porém, Jean estava completamente viciado em heroína e os companheiros se preocupavam com seu destino. Mesmo assim, no dia 10 de fevereiro de 1985 o artista tornou-se capa do célebre veículo The New York Times, o que lhe rendeu mostras internacionais nas mais conhecidas capitais da Europa.

Basquiat morreu de overdose em 1988, no próprio estúdio. Sua vida foi levada às telas postumamente, sob a direção de seu amigo Schnabel, protagonizado por Jeffrey Wright. Suas obras ainda causam profunda impressão em artistas contemporâneos e são negociadas em leilões de arte por preços bem elevados.

Mas qual a importância de Basquiat para o cenário artístico

Ele foi expoente em consagrar as manifestações vindas da rua como arte. Sua obra reflete os ritmos, os sons e a vida de Nova York nos anos 70 e 80. Ela sumariza o discurso artístico, musical, literário e político da cidade durante este período tão fértil. 

A obra do Basquiat segue atual e influente, ainda temos muito a descobrir do legado deixado pelo artista. Mas podemos destacar que parte da modernidade estética trazida por Basquiat tem, em sua essência, a recuperação de uma prática artista: a técnica da colagem. Também fizeram a marca do artista o seu lado multifacetado, aplicando sua criatividade nas telas, em desenhos e até na música.

Basquiat era um dos poucos afro-americanos numa época que o mundo artístico era predominantemente branco. Ao longo de sua carreira, sua arte trouxe à tona a experiência de ser negro e as conquistas culturais dos negros. Do ponto de vista estético, Basquiat foi um artista plástico cuja pintura transcendeu as telas. Isso é uma prática própria da arte urbana, mas que, com Basquiat, ganhou as grandes galerias do mundo. Ele pintava tudo: pratos, portas, esquadrias de janelas e peças de madeira que ele achava pelas ruas. Ou seja, ele enxergava qualquer superfície como um espaço para a arte. Mas ele é um artista de estúdio, não trabalhava nas ruas.

Principais obras

1. Ironia do Policial Negro (1981)

Ironia do Policial Negro - obra de Basquiat

Uma das obras mais famosas de Basquiat, Ironia do Policial Negro carrega mensagens sociais evidentes. Aqui, não existe um recado sutil nem uma insinuação: o pintor tece duras críticas às práticas racistas que vigoravam (e ainda vigoram) nos Estados Unidos.

2. Pescaria (1981)

obras de basquiat - o pescador

Pescaria é umas das obras de grafite mais populares de Basquiat, onde fica evidente o estilo neo-expressionista do pintor. Notemos a energia, as cores vivas, as pinceladas rápidas e a figura de grandes dimensões.

3. Coroas (Peso Líquido) (1981)

obras de Basquiat - Coroas

Quem conhece um pouco da obra de Basquiat sabe que a coroa de três pontas é um elemento que se repete incontáveis vezes.

Normalmente lida como um símbolo de poder e riqueza, ligada à realeza branca, ela ganha outra conotação nas suas pinturas. Neste contexto, pode ser entendida como um sinal de autoridade ou valor artístico.

4. Dispensador de Pez (1984)

obras Basquiat - dispensador de pez

As pinturas de Basquiat são, muitas vezes, reflexos da cultura popular em que vivia. Nesta obra, como em outras, o artista apresenta um tema do cotidiano, algo que o público conhecia bem. Trata-se de uma referência aos doces Pez, uma marca muito popular nos Estados Unidos.

5. Cavalgando com a Morte (1988)

obras Basquiat - cavalgando para a morte

Cavalgando com a Morte integrou a última exposição do pintor, que veio a falecer no mesmo ano.

Já longe da energia explosiva e das cores vibrantes do passado, o quadro tem apenas um fundo neutro onde se destacam duas figuras.

O tema da morte é representado numa época em que Basquiat levava um estilo de vida particularmente destrutivo, por causa do consumo de cocaína e heroína.

Essa será a primeira matéria de muitas sobre artistas negros de destaque no cenário mundial. Abordarei artistas de vários setores: música, arte, esporte, entre outros. Fiquem ligados!

Até breve!

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